Cardio-Oncologia
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Navegando Cardio-Oncologia por Assunto "Carboplatin"
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- ItemSobrevivendo ao câncer - seminoma testicular e seu tratamento devem ser tratados como fatores de risco cardiovascular? : estudo de caso e revisão narrativa da literatura(Instituto Nacional de Cardiologia, 2025) Ramalho, Sergio Henrique RodolphoIntrodução: Nas últimas décadas, avanços no diagnóstico e tratamento precoce do câncer melhoraram significativamente os desfechos clínicos, aumentando a expectativa de vida dos sobreviventes. Com isso, cresce também o risco de desenvolver outras doenças crônicas precocemente, como as cardiovasculares. Adicionalmente, tratamentos específicos como radio ou quimioterapia, ou novas drogas imunobiológicas, podem aumentar o risco de eventos cardiovasculares tanto durante o tratamento quanto na fase de sobrevivência. Acredita-se que esse aumento da morbidade cardiovascular seja dose-dependente, causado tanto por lesões diretas no cardiomiócito ou endotélio, como por efeitos indiretos em fatores de risco, como aumento da prevalência de hipertensão, “dismetabolismo” ou sedentarismo. Especificamente para seminomas testiculares, essa correlação tem dois agravantes: a idade precoce de acometimento e o tratamento à base de platinas. É a neoplasia mais comum em homens entre 20 e 40 anos e seu tratamento quimioterápico é a base de platinas, combinado com bleomicina e etoposídeo, o que permite a cura da maioria dos pacientes. No entanto, esse tratamento está associado a um maior risco de doença coronariana e fenômenos tromboembólicos. Objetivos: Descrever um caso clinico de seminoma testicular, abordando as implicações cardiovasculares do tratamento e da própria doença. Realizar uma revisão narrativa da literatura sobre o risco cardiovascular envolvido com o seminoma testicular, tanto na fase de tratamento e doença aguda quanto em relação aos sobreviventes e o risco em longo prazo. Método: Trata-se de um estudo de caso, complementado por uma revisão narrativa da literatura. Os dados do caso clínico foram coletados a partir do prontuário do paciente e de meu acompanhamento, mediante autorização do paciente. A revisão da literatura foi realizada utilizando bases de dados eletrônicas (PubMed, Scielo), com foco em artigos que abordassem a relação entre seminoma testicular, seu tratamento e o risco cardiovascular, tanto na fase aguda quanto em longo prazo. Foram utilizados termos de busca como "seminoma testicular", "risco cardiovascular", "quimioterapia", "cisplatina", "cardiotoxicidade" e "sobreviventes de câncer". Resultados: O caso clínico relatado demonstra a ocorrência de eventos cardiovasculares tardios e graves em um paciente com seminoma testicular submetido a tratamento com quimioterapia à base de platina. A revisão da literatura reforça que a quimioterapia com platina e combinações está associada a disfunção endotelial, aterosclerose acelerada, hipertensão, dislipidemia e aumento do risco de infarto do miocárdio e eventos tromboembólicos. Tais eventos têm distribuição bimodal: são mais frequentes no primeiro ano após o tratamento e após 10 anos de remissão da doença. Sobreviventes de seminoma testicular apresentam um risco aumentado de mortalidade por doença cardiovascular em comparação com a população geral. Estudos com fármacos com menos efeitos adversos ainda são escassos. Conclusões: Pacientes com seminoma testicular, especialmente aqueles submetidos a quimioterapia com platinas, apresentam um risco aumentado de eventos cardiovasculares. Entretanto essa associação precisa ser estudada em tempos contemporâneos, com esquemas mais modernos e potencialmente menos tóxicos. É fundamental a vigilância cardiológica contínua desses pacientes, tanto durante o tratamento quanto no seguimento em longo prazo, com manejo agressivo dos fatores de risco cardiovasculares tradicionais e consideração de abordagens terapêuticas que minimizem as lesões cardiovasculares clínicas e subclínicas.