Análise econômica de duas estratégias de vacinação universal infantil para a hepatite A no Brasil

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Data
2014
Autores
Santos Jr, Bráulio
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Publisher
Instituto Nacional de Cardiologia
Resumo
A hepatite A é uma doença aguda causada por um vírus da família Picornaviridae, transmitida predominantemente por via fecal-oral. Em crianças a infecção é tipicamente assintomática. Raramente pode evoluir com insuficiência hepática; nesse caso, pode resultar em mortalidade e custos substanciais. O estabelecimento de programas de vacinação universal é recomendado em países com endemicidade intermediária (como o Brasil). Para a vacina com vírus inativados, geralmente são recomendadas duas doses, apesar da experiência favorável de alguns países com programas de vacinação com uma dose. O objetivo deste estudo é avaliar a custo-utilidade da aplicação de três estratégias na população brasileira: a. ausência de vacinação para a hepatite A; b. um programa de vacinação infantil universal com uma dose e c. um programa de vacinação infantil universal com duas doses. O desfecho analisado foram os anos de vida ajustados pela qualidade de vida (QALY). A perspectiva é a do Sistema Único de Saúde como comprador de serviços, o ano base é 2010 e o horizonte temporal de 25 anos. Aplicou-se uma taxa de desconto de 5% ao ano para os custos e consequências. Foi utilizada uma cadeia de Markov com 150 ciclos de 2 meses de duração e nove estados: três referentes à suscetibilidade (suscetível, imune por infecção e imune pela vacina), quatro referentes ao quadro clínico da infecção (infecção assintomática, infecção sintomática tratada ambulatorialmente, infecção sintomática sem insuficiência hepática que requer internação e hepatite fulminante), o estado pós-transplante hepático e a morte. Foram realizadas análises de sensibilidade determinística e probabilística (por meio de simulação de Monte Carlo). O modelo foi aplicado a todo o território nacional e, separadamente, a cada macrorregião. Em relação à observação, a estratégia de uma dose de vacina apresentou razão de custo efetividade incremental (RCEI) de R$167.943,41/QALY e a de duas doses, R$199.893,45/QALY. Na análise por região, as estratégias de vacinação também não foram custo-efetivas. A análise de sensibilidade determinística mostrou três variáveis com impacto apreciável sobre a RCEI: a taxa de desconto, a incidência de infecção sintomática e o custo da vacina. As simulações de Monte Carlo das estratégias de vacinação em relação à observação mostraram uma proporção de ensaios custo-efetivos desprezível na análise do Brasil e pequena nas regiões Norte e Nordeste. Nenhum dos ensaios foi custo-efetivo nas simulações das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A estratégia de duas doses só apresentou superioridade em relação a uma dose na simulação da região Norte, quando se usou um limiar de três PIBs per capita. Neste estudo, as estratégias de vacinação não foram custo-efetivas em relação à não vacinação e não houve superioridade evidente da estratégia de duas doses em relação a uma.
Description
Palavras-chave
Hepatite A, Vacinas contra hepatite A, Custo-efetividade, Anos de vida ajustados por qualidade de vida, Cadeias de Markov, Hepatitis A, Hepatitis A vaccines, Cost effectiveness, Quality-adjusted life years, Markov chains
Citação
Santos Jr B. Análise econômica de duas estratégias de vacinação universal infantil para a hepatite A no Brasil. Dissertação [Mestrado Profissional em Avaliação de Tecnologias em Saúde]. Instituto Nacional de Cardiologia; 2014.